Promotor pede afastamento de conselheiro do TCE por atos de improbidade
O Ministério Público de Goiás (MPGO) está requerendo na Justiça a suspensão imediata do conselheiro Edson Ferrari do cargo no Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO). A ação de improbidade administrativa foi proposta pelo promotor de Justiça Fernando Krebs. Gravações noticiadas pela imprensa que apontam a relação Ãntima e de amizade entre o conselheiro e o governador Marconi Perillo (PSDB).
Na ação o promotor ainda pede, em caráter liminar, que o conselheiro seja suspenso das funções de julgar as contas do governo estadual do exercÃcio de 2015. Segundo sustentado no documento, a conduta de Edson Ferrari como conselheiro e ex-presidente do TCE atenta contra a legalidade, a moralidade, a impessoalidade, a eficiência administrativa e a publicidade.
Ao citar o conteúdo divulgado na imprensa Krebs destaca que o Estado Democrático de Direito em Goiás corre risco. âAo contrário do que se deveria esperar de uma Corte de Contas, o conselheiro Edson Ferrari está a postos, segundo ele mesmo alega, para agir em benefÃcio do governador, nem que para isso adote medidas contra aqueles que deveria preservarâ, explica.
No diálogo citado na ação, Ferrari diz a Perillo: âaÃ, eu quero te dizer que eu vou⦠esses nego aà que estão te sacaneando, você pode deixar eles comigo, viuâ. E prossegue: âjá comecei a movimentar hoje. Depois eu te falo pessoalmente⦠Pessoal que tentou te sacanear não vai ficar incólume não. Pode deixar comigoâ. Ao final, segundo os Ministério Públicos, Marconi Perillo agradece o Conselheiro: ânos fazemos. Nós somos uns pelos outros aÃâ.
Para o promotor, ante a ausência de imparcialidade, é descabido permitir que Ferrari continue suas funções na Corte. âPara não falar da acintosa violação aos princÃpios da legalidade, da eficiência e da moralidadeâ, afirma.
O promotor ainda destaca na ação que Ferrari também é acusado de ter praticado o ilegÃtimo ato de desmonte do Ministério Público de Contas, notadamente no gabinete do Procurador Fernando dos Santos Carneiro, que tem atuado contra o nepotismo dos conselheiros. Tais atos propiciaram condições para diversas irregularidades, que teriam permitido incremento de déficit na conta centralizadora do Estado, que atingiu R$ 1,492 bilhão em 2014.
â[à descabido que Ferrari continue no cargo] seja para julgar as contas de seu amigo, Governador Marconi Perillo, relativas ao exercÃcio de 2015; seja para continuar no exercÃcio do cargo de conselheiro e praticando atos de improbidade, em tão nobre e relevante função, para só buscar-se uma reparação após decisão ao final da presente açãoâ, afirmou o procurador.
Sob pressão, Ferrari deixou a relatoria das contas
Vale ressaltar que após pressão da sociedade civil, de entidades de classe e do Ministério Público, o conselheiro Edson Ferrari renunciou a relatoria das contas anuais do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), em 2015. Em representação, encaminhada ao conselheiro corregedor do Tribunal de Contas do Estado do Goiás, Celmar Rech, entidades e promotores pediram o afastamento do conselheiro da análise das contas por suspeitas de parcialidade em favor do governador.
Além da Contas Abertas, o documento foi assinado pela Associação Nacional do MP de Contas (AMPCON), pelo Conselho Nacional de Procuradores Gerais de Contas(CNPGC), pelo Instituto de Fiscalização e Controle (IFC) e pelo promotor de Goiás, Fernando Krebs, além do procurador da República, Mário Lúcio Avelar.
O afastamento, segundo Ferrari, foi decidido âpara evitar exploração midiática das autoridades públicas envolvidas e questionamento da função técnica exercida pelo Tribunal de Contas neste tipo de prestação de contasâ. Ferrari foi informalmente comunicado da representação protocolada pedindo o seu afastamento.
No documento em que abre mão da relatoria o conselheiro confirma a amizade construÃda ao longo dos anos, desde quando trabalhou com Marconi na equipe do então governador Henrique Santillo. Contudo, Ferrari ressaltou que foi nomeado Conselheiro em observância à s disposições constitucionais vigentes, com aprovação do parlamento goiano e que, na condição de magistrado, sempre pautou sua atuação pela ética, integridade e independência, a despeito das relações pessoais inerentes aos seres humanos.
Publicada em : 06/05/2016