Petrobras “perde” R$ 11 bi em investimentos no primeiro semestre

O primeiro semestre do Petrobras mostrou que a estratégia de “desinvestimento” da empresa vem realmente sendo implementada. Nos seis primeiros meses de 2016, a companhia destinou R$ 11 bilhões a menos para obras e compra de equipamentos no setor, quando comparados com o ano passado. É a maior queda para o período desde 2000. Petrobras Entre janeiro e junho deste exercício a Petrobras investiu R$ 24,9 bilhões contra os R$ 35,8 bilhões aplicados em 2015. O valor deste ano é o menor desde 2006 para o primeiro semestre, quando R$ 20,8 bilhões foram investidos. O recorde de investimentos para o período aconteceu em 2010, quando R$ 52,2 bilhões foram aplicados. Outro “recorde” negativo se concretiza quando analisada a execução financeira dos investimentos da Petrobras. Apenas 32,7% dos R$ 76,3 bilhões autorizados para aplicações da companhia em 2016. O percentual é o pior para o primeiro semestre nos últimos 17 anos, quando inicia a série histórica de investimentos para a Companhia disponível. Os dados estão em valores constantes, atualizados pelo IPCA. As informações fornecidas pela própria Petrobras são uma da únicas formas de acompanhar os investimentos das estatais brasileiras. Em 2015, quando a crise econômica se mostrou mais forte e a situação financeira de companhia piorou, foram tomadas decisões que agradaram ao mercado. A primeira foi o corte dos investimentos e a segunda foi a venda de ativos. Em fevereiro de 2015, o plano apresentado durante o primeiro mandato da presidente Dilma foi cortado em 41% (de US$ 220,6 bilhões para US$ 130,3 bilhões). Em outubro de 2015, novo corte, agora de 20% na soma de investimentos do biênio 2015-2016. No início de 2016 foi anunciado o terceiro corte, com redução dos investimentos no Plano de Negócios 2015-2019 de US$ 130,3 bilhões para US$ 98,4 bilhões, mais de 24%. No início de junho, quando assumiu o posto de presidente da companhia, Pedro Parente, afirmou que continuaria com com plano de desinvestimentos da Petrobras. “A empresa precisa fortalecer seu caixa e reduzir sua dívida, e desinvestimentos são fundamentais para isso. E não está sozinha nesse esforço. O novo patamar do preço do petróleo obrigou a revisar as suas carteiras de ativos. Nossa saúde depende de disciplina para cortar custos”, afirmou. Para melhorar a situação financeira, há poucos dias a Petrobras anunciou a venda, por US$ 2,5 bilhões, de 66% de participação no bloco exploratório BM-S-8, onde está localizada a área de Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos, para a estatal norueguesa Statoil. Os diretores de Finanças e de Relações com Investidores, Ivan Monteiro, e de Exploração e Produção, Solange Guedes, explicaram que operação se baseia em uma estratégia de gestão do portfólio da Petrobras que tem como objetivo priorizar ativos que permitam à empresa manter a padronização de equipamentos para reduzir o custo de investimento, ao mesmo tempo em que busca ativos que gerem receita no curto prazo, a fim de melhorar o perfil da dívida da companhia. Eles ressaltaram também a importância da operação para a alcançar a meta de parcerias e desinvestimentos de US$ 15,1 bilhões no período 2015-2016. A venda anunciada hoje é a maior fusão e aquisição realizada entre empresas no segmento de exploração de petróleo e gás da história e é o segundo maior negócio desse tipo, no país, este ano. A operação não terá impacto nas reservas ou na produção da companhia no curto prazo. “Não existem reservas associadas a esse ativo e a produção aconteceria em meados da próxima década”, explicou a diretora, na entrevista coletiva em São Paulo, que concedeu com Ivan Monteiro. Monteiro reafirmou que mantém a meta de parcerias e desinvestimentos para esse ano e que trabalhará “incansavelmente” para alcançá-la. No mesmo evento, Solange Guedes explicou que o bloco vendido ainda está em fase de exploração (anterior à extração de petróleo) e exigia investimentos que a companhia, tendo um portfolio variado, pode destinar a campos que estão produzindo ou vão produzir num prazo mais curto. A diretora também destacou a importância da consolidação da parceria com a norueguesa. Ela ressaltou a semelhança de perfil e histórico entre as duas empresas, ambas de origem estatal e com forte compromisso com seus países de origem: “A Statoil representa muito para nós. Somos parceiros tecnológicos de longa data e há bastante tempo temos a ambição de trazê-la para essa parceria estratégica”. O BM-S-8 é atualmente operado por Petrobras (66%), Petrogal (14%), Queiroz Galvão Exploração e Produção SA (10%) e Barra Energia do Brasil Petróleo e Gás Ltda. (10%). Os parceiros da Petrobras poderão exercer direito de preferência na operação, o que quer dizer que podem decidir comprar a participação da Petrobras no mínimo pelo mesmo valor ofertado pela Statoil. Além dos US$ 2,5 bilhões anunciados hoje, Monteiro revelou que já entraram no caixa da Petrobras aproximadamente US$ 700 milhões pela venda do controle da subsidiária Gaspetro para a japonesa Mitsui em dezembro de 2015 e de aproximadamente US$ 900 milhões pela venda do controle da Petrobras Argentina para a empresa Pampa. Outros US$ 464 milhões são esperados pela venda da Petrobras Chile para a Southern Cross Group anunciada essa semana, contabilizou o executivo.
Publicada em : 16/08/2016

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