MPF denuncia por estelionato 26 médicos de Hospital Universitário
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou na última terça-feira (2), 26 médicos do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) por estelionato. Segundo a denúncia, eles batiam ponto no HU, mas ao invés de atender nas emergências, ministravam aulas em universidades particulares ou atendiam em clínicas.
O inquérito foi instaurado pela Polícia Federal (PF) em 2015, quando foi deflagrada a Operação Onipresença para investigar médicos que não cumpriam a carga horária de trabalho nas emergências do hospital. Antes da denúncia do MPF entrar no caso, a PF indiciou 27 profissionais.
O procurador federal João Marques Brandão Neto individualizou as acusações de 26 servidores e pediu mais informações à PF para analisar o 27º acusado. De acordo com o procurador, não ficou muito claro na investigação a conduta do último suspeito.
Brandão Neto quer saber se ele abandonava a emergência para ministrar aulas. “Ele é médico e professor”, afirmou o procurador, que não divulgou os nomes dos médicos porque o processo, com cerca de 18 mil páginas, tramita em segredo de Justiça.
A denúncia foi protocolada e irá para o gabinete da juíza federal Simone Barbizan Fortes. Antes de a juíza se manifestar, os réus têm direito à defesa prévia. Durante o inquérito policial, dez médicos apresentaram defesa prévia. “No entanto, as alegações dos advogados não foram suficientes para derrubar a investigação”, disse o procurador federal.
Entenda o caso
A Operação Onipresença foi deflagrada no dia 9 de junho de 2015, após a Polícia Federal investigar o cotidiano profissional de 32 médicos do Hospital Universitário. Deste total, 27 apresentaram indícios de irregularidades. Na época, os policiais cumpriram 52 mandados de busca e apreensão em hospitais, clínicas e faculdades nas cidades de Florianópolis, Criciúma, Tubarão e Itajaí. Durante a fase de inquérito policial, 84 testemunhas foram ouvidas.
Alguns servidores do hospital foram à PF prestar depoimento espontaneamente. As investigações nasceram de uma denúncia dentro do HU de que os médicos abandonavam os plantões para trabalhar em consultas particulares. De acordo com a investigação da PF, este esquema funcionava há pelo menos cinco anos e causou um prejuízo de R$ 36,1 milhões à União.
Publicada em : 04/05/2017