Mesmo com “ajuda” do Minha Casa, PAC tem retração de R$ 15,7 bilhões
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), assim como aconteceu com os investimentos da União, foi diretamente afetado pelo ajuste fiscal do ano passado. De 2014 para 2015, em valores constantes, o programa âperdeuâ R$ 15,7 bilhões. A queda aconteceu mesmo com o Minha Casa, Minha Vida tendo ajudado com R$ 10,5 bilhões no final do ano.
à importante ressaltar que as aplicações do PAC incluem investimentos, outras despesas correntes e inversões financeiras. Os valores aplicados no chamado âPAC Orçamentárioâ (passÃvel de monitoramento no Orçamento Geral da União), passaram de R$ 62,9 bilhões em 2014 para R$ 47,3 bilhões no ano passado. Em se considerando os valores constantes, a retração foi de aproximadamente 25%.
A retração do PAC só não foi maior, como aconteceu com os investimentos globais da União, em decorrência sobretudo de repasses que totalizaram R$ 10,5 bilhões da União à CEF, ocorridos nos dias 28 e 29 de dezembro de 2015, provavelmente para quitar as pedaladas. O repasse para a CEF ocorreu no programa âMoradia Dignaâ, nome orçamentário do Minha Casa Minha Vida.
De acordo com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a execução orçamentária de 2015, apesar do quadro de ajustes da economia, mostra que o programa está em andamento e com desempenho bastante expressivo.
âO Ministério do Planejamento não realizou cortes em obras. O ministério divulga os limites orçamentários, com base no cenário fiscal, para cada órgão setorial, que definem a sua alocação diante de suas prioridadesâ, explica a Pasta.
Do total aplicado no âPAC Orçamentárioâ, os investimentos foram os que mais caÃram 44,2%. Os recursos passaram de R$ 40,3 bilhões para R$ 22,5 bilhões de 2014 para 2015. As inversões financeiras diminuÃram 36,3%, com montante que chegou a R$ 11,8 bilhões no ano passado.
Já na rubrica âOutras despesas correntesâ, os valores cresceram 215%. Em 2014, R$ 4,1 bilhões foram desembolsados nessa natureza de despesa. No exercÃcio passado, o montante foi R$ 13 bilhões.
Como os recursos não saÃram, a indústria reclama para receber pagamentos atrasados. A principal reivindicação do setor de construção civil é o pagamento de quase R$ 7 bilhões em atrasos das obras públicas, o que seria suficiente para dar fôlego à s construtoras.
âColocar em dia os pagamentos dos atrasos já seria um novo PACâ, afirma José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). âSeria o suficiente para recuperar as empresas que estão morrendo. O principal ponto é simplesmente cumprir um compromisso.â
No inÃcio do ano foi noticiado que o governo estuda medidas para estimular a construção, que responde rápido aos incentivos, como forma de reanimar a economia. A nova estratégia foi batizada no Palácio do Planalto de ânovo PACâ.
De acordo com os números do setor, o governo fechou 2015 com dÃvida de R$ 3 bilhões em contratos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), R$ 1,8 bilhão do Ministério das Cidades em obras de saneamento, R$ 1,5 bilhão do Ministério da Integração Nacional e R$ 400 milhões da Valec, estatal federal que cuida de ferrovias. Esse valor de R$ 6,7 bilhões considera apenas as obras que foram efetivamente executadas e faturadas.
Para tentar reverter o pessimismo apontado pelos indicadores econômicos, a presidente Dilma Rousseff planeja apresentar ainda neste mês medidas e propostas que ajudem a retomar o crescimento e animar a economia, mas sem abandonar o ajuste fiscal que desde o inÃcio do segundo mandato tenta implementar. O plano já é tratado no Palácio do Planalto como uma espécie de ânovo PACâ e tem como prioridade estimular o setor de construção civil.
Questionado pelo Contas Abertas sobre um novo âPACâ, o Planejamento afirmou que o programa é um processo contÃnuo de planejamento e execução de empreendimentos de infraestrutura em todo o PaÃs. âNeste sentido as obras constantes dos programa continuam em execução e novas ações prioritárias estão sendo incluÃdas desde 2015â.
A Pasta também afirmou que sobre eventuais atrasos nas obras e pagamentos, o tema deve ser checado com os ministérios setoriais.
Publicada em : 20/01/2016