Investimento das empresas estatais é o menor dos últimos nove anos

Os investimentos realizados pelas 68 empresas estatais nos primeiros quatro meses do ano chegaram a R$ 19,8 bilhões. O valor, já atualizado pelo IPCA, foi o menor dos últimos nove anos. Em 2006, os investimentos ficaram em R$ 19,6 bilhões. Os recursos aplicados este ano correspondem somente a 20,4% da previsão orçamentária que era de R$ 97,2 bilhões. Os dados são o Dest (Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais), do Ministério do Planejamento, Governança e Gestão. O orçamento de investimento inclui recursos gastos para a aquisição ou manutenção de bens das empresas. Não são considerados no cálculo as despesas de arrendamento mercantil para uso da empresa ou de terceiros; o custo dos empréstimos contabilizados no ativo; benfeitorias realizadas em bens da União por empresas estatais; e benfeitorias necessárias à infraestrutura de serviços públicos concedidos pela União. Petrobras A Petrobras, por sua dimensão, é a que mais influencia diretamente o resultado das estatais. Assim, o valor aplicado pela companhia nos primeiros quatro meses do ano - R$ 17,4 bilhões - é também o menor desde 2008. Segundo analistas do mercado, o grande prejuízo da estatal, que foi R$ 35,4 bilhões no ano passado, tem impacto direto nos investimentos. A venda de ativos da empresa, depois da decisão de se dedicar somente a área de petróleo, teve impacto na redução de investimentos. Outro fator foi a queda do preço internacional do petróleo, que vem se mantendo em cerca de U$ 30 o barril, o que diminuiu a margem de lucro da empresa. A Petrobras representa cerca de 10% dos investimentos feitos no país, e por isso tem reflexo direto no crescimento economia. Eletrobras Linhas de transmissão Eletrobras No caso da holding de energia, o valor investido de R$ 1,3 bilhão no primeiro quadrimestre de 2016 foi o menor dos últimos 10 anos. Entre 2006 e este ano, apenas em 2006 ocorreu um valor inferior, R$ 1,169 bilhão em termos reais (números corrigidos pelo IPCA). Da previsão orçamentária de R$ 10, 6 bilhões, o Grupo Eletrobras investiu somente 12,363%. A redução dos investimentos está ligada ao resultado do balanço da companhia do ano passado que foi negativo, com prejuízo de R$ 14,4 bilhões. Somente as empresas de distribuição de energia controladas pela Eletrobras foram responsáveis por um prejuízo de R$ 5,1 bilhões. Outro fator, segundo a própria empresa, que teve muito peso no seu desempenho foi a redução de 53% na receita de venda de energia no mercado de curto prazo. Também houve queda no valor da energia de longo prazo vendida pela Eletrobras e suas subsidiárias Furnas e Eletronorte. O Senado aprovou ontem (terça-feira) medida provisória que vai dar um alívio de caixa para a Eletrobras, aumentando os subsídios às distribuidoras de energia do Amazonas, Rondônia, Roraima e Amapá. A MP autoriza que o Tesouro Nacional transfira recursos para as empresas. Serão R$ 668 milhões por ano para a conta de energia usada para calcular as tarifas. A MP também autoriza que o Tesouro repasse recursos para as empresas quitarem suas dívidas com a Petrobras, fornecedora de combustível para o funcionamento das usinas termelétricas. Infraero Os valores autorizados pelo Congresso Nacional para investimentos da Infraero são os menores desde 2006. No total foram investidos R$ 203,7 milhões nos primeiros quatro meses do ano. A queda dos investimentos da empresa começou em 2014, quando foram concluídas as obras dos aeroportos para a Copa do Mundo e também pelo término das obras para as Olimpíadas. Outro fator importante foi a privatização dos aeroportos de Guarulhos, do Galeão, Brasília, Confins e Viracopos. O governo pretende vender para a iniciativa privada, até 2018, mais aeroportos administrados pela Infraero. Este ano deverão ser quatro. Companhia Docas Nas empresas Docas, tanto os valores autorizados quanto os investimentos realizados caíram em comparação com os anos anteriores. A empresa investiu somente R$ 78,2 milhões (valor já atualizado pelo IPCA) nos quatro primeiros meses do ano. O valor foi o mais baixo desde 2011, quando foram aplicados R$ 49,9 milhões. A companhia Docas é responsável pela administração e vários portos do país. Entre eles estão os do Pará, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Espírito santo, Rio de Janeiro e São Paulo.
Publicada em : 01/06/2016

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