Empresa da ciclovia no Rio já recebeu mais de R$ 500 milhões do governo federal

A empreiteira Concremat é a responsável pela construção da ciclovia Tim Maia, que desabou ontem (21) pela manhã, no Rio de Janeiro. Pelo menos duas pessoas morreram no desabamento do empreendimento inaugurado em janeiro deste ano. A empresa também recebe recursos do governo federal: R$ 514,9 milhões foram repassados entre 2004 e 2016, em valores correntes. [caption id="attachment_12782" align="aligncenter" width="300"]ciclovia-desabamento Foto: Custódio Coimbra / O Globo[/caption] O ano em que a Concremat mais recebeu recursos foi 2015, quando R$ 74,8 milhões foram repassados pela União. A verba foi destinada principalmente para obras e instalações. A empresa toca diversos tipos de empreendimentos. No ano passado, por exemplo, estavam na lista da empresa a construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste no trecho entre Ilhéus e Caetité, na Bahia e a adequação de trechos rodoviários, como o de Palhoça, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Também foram recebidos recursos participação na integração do Rio São Francisco com as Bacias dos Rios Jaguaribe, Piranhas-Açu e Apodi (Eixo Norte). Os recursos destinados para a empreiteira ainda incluem a construção de Prédios do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e a implantação do Complexo Integrado do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Além disso, a empresa também é responsável por consultorias em obras de transporte rodoviário e ferroviário. A empresa ganhou repercussão por ser responsável pela ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, que teve um trecho de cerca de 20 metros desmoronado pouco mais de três meses após sua inauguração. Segundo os Bombeiros, duas pessoas morreram no local após cair no mar. Uma terceira vítima ainda é procurada. Um inquérito foi aberto na 15ª Delegacia de Polícia (Gávea) para investigar as causas do acidente. O engenheiro civil e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Antônio Eulálio, afirmou à Globo News que pode ter ocorrido "uma falha de projeto" da ciclovia da Avenida Niemeyer, em São Conrado, na Zona Sul do Rio. Ele disse que os autores do projeto serão chamados "para terem direito à defesa" e "expor seus motivos". “O Crea tem a Comissão de Análise de Prevenção de Acidentes. Os autores do projeto vão ser chamados para terem direito à defesa, expor seus motivos e aplicar [o Crea] as punições cabíveis, que vão até a captação do registro”, disse. “O problema é que não foi previsto no projeto essa força excepcional porque a onda levantou a ponte. Acho que foi uma falha de projeto. Só tem uma viga central praticamente, então, não tem resistência para esse momento. São dois apoios. Ele não conseguiu suportar esse esforço de rotação devido a onda que bateu (…). Foi falha de concepção do projeto”, afirmou o engenheiro civil. "Não foi previsto no projeto, deveria ter sido". Segundo o secretário de obras, Alexandre Pinto, no entanto, "não há como afirmar que houve erro de projeto". "Houve fiscalização da Geo-rio que era a contratante, estamos conversando com projetistas e engenheiros. Tem que sentir a força da energia da onda. Todas as causas têm que ser investigadas. Uma das causas pode ser a ressaca ou não", disse em entrevista ao G1. A empreiteira Concremat pertence à família do secretário de Turismo da cidade do Rio, Antônio Pedro Viegas Figueira de Mello. A empresa foi fundada por Mauro Ribeiro Viegas, avô de Antonio Pedro Viegas Figueira de Mello. Hoje, o diretor-presidente é Mauro Viegas Filho. A obra da ciclovia, da gestão Eduardo Paes (PMDB-RJ), custou R$ 45 milhões e começou em setembro de 2014. Em seu site, a Concremat afirma que o consórcio Contemat Geotecnia/Concrejato foi contratado pela Fundação Geo-Rio, braço da Secretaria Municipal de Obras da Prefeitura, para executar a contenção de encosta e a estabilização da área para a implantação da ciclovia.
Publicada em : 22/04/2016

Copyright © 2018 Associação Contas Abertas