Em Oxford, ministro do STF critica 'penduricalhos' em salários de juízes e defende idade mínima
Em entrevista à BBC Brasil, na última sexta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) LuÃs Roberto Barroso afirmou que é contra o "conjunto de penduricalhos" nos salários dos juÃzes brasileiros.  Questionado sobre o aumento do Judiciário aprovado pelo governo Temer no inÃcio de junho, ele considerou o aumento "uma questão polÃtica" sobre a qual não lhe cabe fazer juÃzo de valor. Barroso também defendeu a fixação de uma idade mÃnima para a aposentadoria. O ministro participou do Brazil Forum UK 2016, um evento que discute a crise brasileira em Oxford, Inglaterra.
Barroso disse que é favorável à fixação de uma idade mÃnima para a aposentadoria. Ele ressaltou, contudo, que a questão não está "judicializada". "O mundo inteiro pratica idade mÃnima em relação à aposentadoria. Se não estabelecermos uma idade mÃnima, nossos filhos vão herdar uma dÃvida. Ã, portanto uma injusta (dÃvida) intergeracional", observou.
Para o ministro, a idade mÃnima para aposentadoria também não é uma opção filosófica ou ideológica, mas um imperativo para a necessidade de sobrevivência fiscal do paÃs. Defendeu, porém, a necessidade de se estabelecer um mecanismo diferente para quem esta prestes a se aposentar: "O que você pode e deve fazer é um mecanismo razoável de transição para quem já está no final da linha".
Penduricalhos
O salário de um juiz não pode ultrapassar o teto constitucional, agora em torno de R$ 33 mil, mas uma série de benefÃcios como venda de férias, bonificação por dar aulas, abono de permanência, licença, acúmulo de cargos e auxÃlio moradia acaba por turbinar os ganhos dos magistrado. "Sou contrário ao conjunto de penduricalhos nas remunerações dos juÃzes. Acho que os juÃzes devem ser bem pagos mediante subsÃdios e de uma forma transparente", disse o ministro ao jornalista Luis Barrucho. Ele não quis detalhar o que chamou de "penduricalhos".
Judicialização da vida
Barroso também comentou a lentidão no julgamento dos processos no STF na entrevista à BBC: "O Supremo não tem condições de julgar processos penais com celeridade e por essa razão diria que não deve ser o órgão competente para julgá-los", afirmou sugerindo que esta não seria uma tarefa do STF.
E criticou o que chamou de "judicialização ampla" da vida no Brasil. Se de um lado o ministro enaltece o fato de o Judiciário despertar confiança e ter sido capaz de atender demandas sociais, por outro ele admite que tem uma faceta negativa porque existe um limite máximo de capacidade para atuar a tempo e a hora: "Acima de um determinado volume, o sistema começa a ficar disfuncional".
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Publicada em : 20/06/2016