Eletrobras tem menor nível de investimentos em 17 anos

A queda de investimentos das estatais está clara em 2016. O principal motivo é o ritmo de execução dos investimentos da Petrobras, no entanto, a Eletrobras não ficou atrás na queda de aplicações. Para os quatro primeiros bimestres deste ano, a companhia teve o pior desempenho em 17 anos. EletrobrasO Grupo Eletrobras destinou R$ 2,8 bilhões para obras e compras de equipamentos entre janeiro e agosto de 2016. No ano passado, por exemplo, o montante alcançou R$ 3,1 bilhões. O recorde de investimentos para o período aconteceu em 2013, quando R$ 4,5 bilhões foram aplicados. O levantamento do Contas Abertas inclui vinte e sete empresas no setor de energia elétrica, em atividades de pesquisa, geração, transmissão, distribuição urbana e rural e comercialização. Os dados levantados pelo Contas Abertas são constantes, atualizados pelo IPCA do período. Ao todo, R$ 10,6 bilhões estão autorizados para o orçamento de investimentos da companhia, dos quais 26,7% foram desembolsados. Em 2015, a dotação era maior: R$ 11,9 bilhões. As informações, fornecidas pela própria Eletrobras ao Ministério do Planejamento, constituem uma da únicas formas de acompanhar os investimentos da estatal. Cabe ressaltar que desde 2015, a Eletrobras iniciou um processo de enxugamento e redução de investimentos, que envolve a venda de subsidiárias. Além disso, a estatal do setor elétrico executou revisão para baixo no seu plano de investimentos de longo prazo. De acordo com o jornal O Globo, no final de agosto, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira, disse que a companhia vai promover um forte programa para reduzir custos e aumentar a eficiência. Ferreira afirmou que a companhia precisa tomar muitas medidas para aumentar a eficiência e manter os resultados positivos sustentáveis, como usar menos prédios e incentivar a demissão e a aposentadoria. Para isso, de um lado, a companhia vai avaliar os ativos que possui nos quais deveria ter custo inferior à receita o que atualmente não tem. Para aumento da eficiência, o presidente da Eletrobras disse que será feita grande racionalização de custos que envolverá a redução do uso de prédios no Rio de Janeiro e em outras regiões, como em Brasília. — Tem que haver esforço muito grande de racionalização de custos. Além de trabalhar o tema de pessoal, que é uma alavanca que tem que se buscar. Ter uma estrutura organizacional mais enxuta. Sobre o Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV), Ferreira disse que o assunto está sendo tratado internamente para depois ser conversado com os sindicatos, mas que ainda não há nada decidido. As empresas do grupo Eletrobras (Furnas, Eletrobras, Chesf e Eletrosul) têm cerca de 23 mil empregados. “Nós precisaremos ter algum tipo de incentivo, mas nós não decidimos ainda porque temos que olhar a questão sobre a ótica da idade média do pessoal. Tem muito o que fazer em materiais, serviços de terceiros e outros”, destacou Ferreira. A Eletrobras teve um lucro de R$ 12,7 bilhões no segundo trimestre deste ano graças à contabilização de R$ 17 bilhões relativos a indenizações nos contratos de concessão que foram renovados no sistema de transmissão. Sobre as indenizações que serão recebidas referentes à renovação dos contratos de concessão do sistema de transmissão no valor de R$ 17 bilhões, Ferreira lembrou que a Eletrobras só vai começar a receber a partir de julho de 2017 em parcelas durante oito anos. O presidente da estatal disse acreditar que será possível privatizar a Celg-D até o fim deste ano. O leilão da distribuidora de energia de Goiás está sendo reavaliado depois de o governo ter suspendido o certame devido à falta de interessados. A ausência de interesse foi principalmente devido ao preço mínimo de R$ 2,8 bilhões, que foi considerado elevado pelos investidores, considerando que o vencedor terá de assumir as dívidas da companhia que chegam a R$ 2,4 bilhões. As outras seis distribuidoras das regiões Norte e Nordeste controladas pela Eletrobras serão privatizadas no próximo ano. R$ 300 bi em corrupção A estatal Eletrobras entregou na última terça-feira (11) nos Estados Unidos informações financeiras de 2014 e 2015, que estavam atrasadas devido a investigações internas que apontaram irregularidades em pelo menos quatro empreendimentos da companhia, disse a elétrica em comunicado ao mercado. Nos documentos enviados à reguladora do mercado norte-americano de ações (SEC), a estatal estimou impactos financeiros de cerca de 300 milhões de reais devido às irregularidades, que teriam incluído propinas de entre 1 e 6 por cento do valor de alguns contratos, além de 10 por cento em uma contratação específica, alvo de cartel. A estatal também disse que a investigação independente conduzida na companhia por escritórios de advocacia e consultorias "ainda possui procedimentos adicionais a serem executados" e que "novas informações relevantes podem ser reveladas no futuro".
Publicada em : 15/10/2016

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