Deputado acusa CGU de sonegar informações sobre acordos de leniência

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) ocupou, ontem (17), a tribuna da Câmara dos Deputados para denunciar que a Controladoria-Geral da União (CGU) está sonegando informações sobre acordos de leniência ao Tribunal de Contas da União (TCU). Dessa forma, a entidade está dificultando o controle dos acordos de leniência que estão em processo de negociação com empresas investigadas pela Operação Lava-Jato. 18022016_11aOs líderes de diversos partidos de oposição anunciaram durante coletiva de imprensa que convocarão o Ministro-Chefe da CGU para prestar esclarecimentos sobre os acordos de leniência. Na terça-feira (16), o Jungmann esteve com o ministro do TCU Bruno Dantas para pedir informações sobre fluxo de dados de acordos de leniência. De acordo com a Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo dos Tribunais de Contas do Brasil (ANTC), a sonegação de informações ao TCU no curso de fiscalizações é grave e atenta contra os pilares do controle externo, atingindo não apenas o TCU, mas o Congresso Nacional. “O sistema de controle interno, que no Poder Executivo é realizado pela CGU, está previsto na Constituição para realizar a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, em apoio ao Congresso Nacional e ao TCU, que titularizam as funções de controle externo exercidas com autonomia e independência de seus membros e, no caso do TCU, independência dos Auditores de Controle Externo”, explica a entidade. Para a presidente da ANTC, Lucieni Pereira, sonegar informações ao TCU é medida antidemocrática que afronta os fundamentos do controle externo”, declara Lucieni Pereira, Presidente da ANTC. “Para garantir a estabilidade democrática, o § 1º do artigo 74 da Constituição prevê que os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao TCU, sob pena de responsabilidade solidária”, complementa a representante de classe. Procurador requer inspeção na CGU Segundo divulgado pelo Jornal Folha de São Paulo, o Procurador de Contas Júlio Marcelo de Oliveira pediu, uma inspeção na CGU para ter acesso aos dados da negociação do acordo de leniência entre o Poder Executivo e a empresa Engevix, investigada pela Operação Lava Jato. Para garantir o acesso às informações, o artigo 44 da Lei Orgânica do TCU prevê que, no início ou no curso de qualquer apuração, o Tribunal, de ofício ou a requerimento do Ministério Público de Contas, determinará, cautelarmente, o afastamento temporário do responsável ou da autoridade superior por sonegação de informações ao TCU. O poder de cautelar do TCU está consagrado em decisões da Corte Suprema e pode ser exercido a qualquer momento para assegurar a lisura dos acordos que se pretende celebrar no campo extrajudicial. A ANTC e a ADU-TCU acompanham o caso e darão todo apoio para que os Auditores de Controle Externo do TCU realizem suas funções sem obstáculos dos órgãos do Poder Executivo.  
Publicada em : 19/02/2016

Copyright © 2018 Associação Contas Abertas