Contas Abertas é citado em jornal francês Libération
O mundo está de olho na situação do Brasil, sobretudo depois que foram reveladas as delações da Odebrecht. A Contas Abertas tem sido procurada por jornais estrangeiros que tentam entender os acontecimentos.
Nesta semana, com a ajuda da entidade, o jornal francês Libération, por exemplo, chamou o Brasil de “República da Odebrecht” e ressaltou que a Lava Jato é o "maior escândalo de corrupção estrangeira na história".
O secretário-geral da Contas Abertas, Gil Castello Branco, afirmou ao jornalista Chantal Rayes, correspondente do jornal em São Paulo, que há anos as eleições são bancadas pelas empreiteiras.
"As empresas contribuem para as campanhas, não pelo espírito democrático, mas para obter benefícios em troca. Dessa forma, elas financiam qualquer candidato com chance de ganhar, independentemente da sua posicão política. Uma vez eleito, o político recompensa as empresas em obras locais, sistematicamente cobradas em excesso para fins de enriquecimento pessoal e financiamento dos partidos", explicou.
O jornal afirmou que historicamente próximas ao governo, as empreiteiras floresceram sob a ditadura militar (1964-1985). Desde o retorno à democracia, elas estão listadas, bem como empresas de outros setores, como os principais doadores durante as campanhas eleitorais, geralmente através de seus fundos ilegais. A esquerda não rompeu com este modelo. Nos treze anos do PT no poder, o volume de negócios da Odebrecht, inclusive, cresceu seis vezes.
Outro ponto destacado pelo jornal francês é que para realizar os "pagamentos não declarados" a Odebrecht operava com um departamento secreto, chamado de "Operações Estruturadas". O setor foi criado em 2006 pela Odebrecht.
Com um sistema de comunicação paralelo à contabilidade da empresa, o departamento de propinas teria operado em 10 anos o valor total de US$ 3,4 bilhões. O dinheiro foi canalizado através de empresas offshore antes de chegar a seu destino, identificado por um nome de código. Havia o "feio", o "careca", o "animado", o "santo" e também, o "amigo", que era o ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
A reportagem ainda destacou que a Odebrecht parecia ter certeza de sua impunidade, já que as instituições estavam em suas mãos. “Mesmo os tribunais não tocaram no poder econômico da empreiteira. A corrupção era a regra”, aponta o jornal.
Castello Branco lembrou ao jornal que o volume de recursos citado recentemente é relativo apenas às propinas da Odebrecht. "Esse valor pode ser muito maior tendo em vista todas as empresas envolvidas no cartel de obras públicas”, acrescenta o economista.
O secretário-geral da Contas Abertas ainda disse ao jornal que apenas a Petrobras suspendeu seus contratos com essas empresas. O governo federal nem as proibiu de participar em novos mercados.
Publicada em : 22/04/2017