Compra de equipamentos e obras do governo federal caem 37,3% em 2015
Como o Contas Abertas demonstrou ao longo de 2015, o ajuste fiscal atingiu em cheio a compra de equipamentos e as obras do governo federal, isto é, os investimentos. A âconta finalâ não foi diferente. As aplicações nos doze meses de 2015 chegaram a apenas R$ 39,1 bilhões. Em 2014, no mesmo perÃodo, somaram, em valores nominais, R$ 57,2 bilhões.
Comparando o valor investido nos doze meses do ano pela União (administração direta), em 2014 e 2015, observa-se que em valores constantes (IPCA) a retração foi de 37,3%, o que significou R$ 23,3 bilhões a menos neste exercÃcio.
Os dados de 2015 são oficiais (SIAFI) e estão atualizados até 04 de janeiro 2016. Em valores constantes, o montante de investimentos nos doze meses de 2015 é o menor valor desde 2008. Convém ressaltar que o ano ainda não está encerrado no sistema e os valores poderão sofrer alterações, ainda que não significativas.
A diminuição dos valores para obras e compra de equipamentos aconteceu mesmo com aceleração dos investimentos no final de 2015. Nos últimos meses do ano, com a perspectiva do Congresso Nacional aprovar, o que de fato ocorreu, a meta fiscal com déficit primário de R$ 119,9 bilhões, o governo acelerou os investimentos, sobretudo o pagamento de restos a pagar.
Embora em valores nominais os investimentos em 2015 tenham sido inferiores R$ 18,1 bilhões aos de 2014 (-31,7%), nos últimos 2 meses de 2015 o montante desembolsado - com o orçamento do ano mais os restos a pagar â foi superior em R$ 687,7 milhões aos dispêndios dos últimos dois meses do ano em 2014.
A Pasta que sofreu em valores absolutos o maior corte em 2015 foi a Defesa, com redução de R$ 4,7 bilhões. Em 2014 foram investidos R$ 11,5 bilhões e em 2015 apenas R$ 6,8 bilhões. O segundo maior corte ocorreu nos Transportes, cerca de R$ 4,4 bilhões a menos.
Os investimentos públicos são um dos principais motores para a retomada do crescimento econômico, uma das prioridades presidente Dilma Rousseff para 2016. Ontem (7), a presidente disse que o governo não tem nenhum coelho na cartola para reaquecer a economia e detalhou quais serão as prioridades para esse ano: o reequilÃbrio fiscal com crescimento econômico e controle da inflação.
âGarantir um superávit de 0,5% esse ano e o equilÃbrio fiscal, você criará as condições, terá essas condições para que a inflação se equilibre, volte pro centro da meta, volte pra meta. O Banco Central está falando que nós olharemos isso num horizonte até 2017. Mas ele está dizendo isso a respeito dos 4,5. Eu estou dizendo que nós queremos nos aproximar da banda de cima da meta. O mais rápido possÃvel esse anoâ, declarou a presidente.
Ou seja, a presidente quer para esse ano, uma inflação de 6,5%. A presidente também defendeu muito a volta da CPMF, o imposto do cheque. Que, segundo ela, pode ajudar a resolver parte da crise da saúde enfrentada por alguns estados, como o Rio. A ideia da presidente é que, se a contribuição for mesmo aprovada, metade vá para estados e municÃpios.
O mesmo discurso foi proferido pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, que afirmou que a população não deve esperar uma grande notÃcia que irá salvar a economia, porque a retomada do crescimento será gradual. Segundo ele, o governo não tem um "coelho na cartola". Os tempos de pacotes econômicos passaram e agora as medidas serão tomadas dia após dia.
Erros na economia
Ao falar sobre a crise econômica, a presidente admitiu erros. âAcho que o maior erro do governo ainda em 2014 foi nós não percebemos o tamanho da desaceleração que ocorreria em decorrência de efeitos externos e internos. Esses são erros e podem ter tido outros, qualquer atividade humana é passÃvel de erros e no caso do governo ainda há um outro lugar onde pode dar erro, que é na gestãoâ, afirmou a presidente.
Publicada em : 08/01/2016