Com retração de investimentos, 2016 pode ser o “fundo do poço” do ciclo recessivo
Por Dyelle Menezes
De acordo com a consultoria Inter.B, em 2016 os investimentos em infraestrutura devem atingir o pior momento, com queda nominal estimada em cerca de 14% e próximo a 21% em termos reais. “Assim, a contração do ano corrente seria ainda mais expressiva do que a observada em 2015, e é possivelmente o “fundo do poço” do ciclo recessivo”, diz relatório.
“Em 2016 projetamos que os investimentos deverão cair para 1,71% do PIB (com base num PIB estimado de R$ 6,180 trilhões)”, aponta relatório da consultoria. As estimativas da consultoria sugerem contração em todos os segmentos, mais acentuada em transportes aeroviários e em mobilidade urbana.
As projeções para 2016, baseadas em dados parciais disponíveis, apontam que os gastos em infraestrutura deverão somar R$ 105,6 bilhões (com base em uma inflação esperada de 7% em 2016). De acordo com o relatório, o valor estimado em aplicações para este ano é muito inferior ao mínimo necessário para compensar a depreciação do capital fixo per capita e manter a qualidade dos serviços.
Para a Inter.B, não há apenas necessidade de se ampliar os investimentos, como melhorar a eficiência com que são realizados. O país desperdiça grande volume de recursos que aplica por conta das conhecidas dificuldades de execução concentradas no setor público.
“Questiona-se a qualidade do investimento, seja por falta de um planejamento abrangente, e de médio e longo prazo, pela fragilidade dos projetos ou ainda por falhas regulatórias. O resultado é que nem sempre com os custos incorridos entregam-se os benefícios prometidos”, diz respeito.
O relatório aponta que o investimento em infraestrutura necessita ser uma política de Estado; uma política bem desenhada, que reconheça as obrigações do Estado no âmbito do planejamento e regulação, e suas limitações no plano do financiamento e execução. E inversamente, uma política voltada a mobilizar o potencial de contribuição do setor privado – sem subsídios ou artificialismos.
A Inter.B aponta que o envolvimento do setor privado se tornou imprescindível, e não somente por conta da crise fiscal que assola todas as instâncias de governo. “Razão ainda mais importante é o filtro que o setor privado estabelece quanto à qualidade dos projetos, a eficiência na execução e os serviços resultantes”.
Nesta perspectiva, para a consultoria é essencial a consolidação do Programa de Parcerias em Investimentos (PPI), divulgado pelo Governo Federal em Setembro de 2016, e que tem o potencial de impulsionar a retomada dos investimentos já a partir de 2017, e de forma mais acelerada em 2018.
Publicada em : 19/11/2016