Com prejuízo recorde, Petrobras tem pior nível de investimentos desde 2008

Após anunciar prejuízo recorde de R$ 34,8 bilhões no ano passado, a Petrobras iniciou o ano com os investimentos em baixa. As aplicações em obras e na compra de equipamentos da estatal caíram mais de 25% no primeiro bimestre de 2016 na comparação com o mesmo período de 2015. Nos dois primeiros meses deste ano a Petrobras investiu R$ 9,1 bilhões contra os R$ 12,2 bilhões aplicados em 2015. O valor aplicado neste ano é o menor desde 2008 para os meses de janeiro e fevereiro, quando R$ 8,9 bilhões foram investidos. O recorde de investimentos para o período aconteceu em 2010, quando R$ 17,8 bilhões foram aplicados. Petrobras obstruçãoA previsão das aplicações também caiu de um ano para o outro. Em 2015, R$ 83,5 bilhões foram autorizados no orçamento de investimento da estatal. Para 2016, a dotação no período era R$ 76,3 bilhões. Os dados estão em valores constantes, atualizados pelo IPCA. As informações fornecidas pela própria Petrobras são uma da únicas formas de acompanhar os investimentos das estatais brasileiras. A diminuição dos investimentos tem relação direta com a situação financeira da empresa. Assim como aconteceu em 2014, quando a empresa registrou prejuízo recorde de R$ 21,6 bilhões, a Petrobras voltou ao vermelho no ano passado. O resultado de 2015 teve origem no prejuízo líquido de R$ 36,9 bilhões acumulado entre outubro e dezembro, montante 38,9% pior do que o prejuízo de R$ 26,6 bilhões reportado no quarto trimestre de 2014. Outro ponto destacado nos dados negativos foi o ajuste nos ativos imobilizados, processo conhecido como impairment, no total de R$ 49, bilhões. A Petrobras informou que o ajuste do impairmente tem origem no declínio dos preços do petróleo e no aumento das taxas de desconto, reflexo do aumento do risco Brasil pela perda do grau de investimento. O prejuízo anual é explicado por uma combinação de fatores e corrobora o momento difícil enfrentado pelo estatal desde 2014, quando tiveram início as investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato. O balanço de 2015 foi pressionado por perdas bilionárias na linha financeira, resultado da variação cambial e pela queda abrupta na cotação internacional do petróleo. A redução da demanda por combustíveis no mercado doméstico, acréscimo em despesas tributárias e maiores despesas com contingências judiciais também pesaram no ano. Geração de caixa O material de divulgação referente ao quarto trimestre de 2015 aponta que o Ebitda ajustado anual (uma medida de geração de caixa) atingiu R$ 73,8 bilhões, expansão de 25% em relação ao ano anterior. A receita líquida anual, por sua vez, totalizou R$ 321,6 bilhões, queda de 5% em relação a 2014. O resultado financeiro líquido ficou negativo em R$ 28,041 bilhões em 2015, montante 619% ainda mais adverso do que os R$ 3,9 bilhões acumulados no ano anterior. O indicador financeiro poderia apresentar despesa financeira líquida maior não fosse a adoção da contabilidade de hedge, uma prática contábil que ameniza o impacto cambial, e consequentemente financeiro, sobre as demonstrações do resultado de empresa. Apesar disso, a Petrobras informou uma perda cambial de R$ 9,240 bilhões em 2015 decorrente da depreciação de 47% do real sobre a exposição passiva média líquida em dólar, já considerados os efeitos do hedge accouting. Em 2014, a depreciação cambial foi de 13,4%. Além disso, a estatal teve perda cambial de R$ 2,1 bilhões decorrente da depreciação de 31,7% do real sobre a exposição passiva líquida em euro (depreciação cambial de 0,02% no exercício de 2014). No total, a perda cambial atingiu R$ 11,340 bilhões. Exploração A desvalorização do petróleo registrada no decorrer de 2015 ocasionou uma reversão de tendências dentro da estatal. A área de Exploração & Produção, tradicionalmente lucrativa, amargou prejuízo no ano passado. Já a área de abastecimento, que acumulava prejuízos consecutivos, voltou a operar no azul. Tudo porque a queda de petróleo tonar a importação da gasolina e diesel menos onerosa para a Petrobras. Além disso, a estatal aplicou dois reajustes anuais nos dois combustíveis entre o final de 2014 e setembro do ano passado. A área de E&P teve prejuízo de R$ 12,963 bilhões em 2015, revertendo o lucro de R$ 32,008 bilhões acumulado em 2014. No quarto trimestre, o resultado ficou negativo em R$ 24,567 bilhões, contra um lucro de R$ 1,299 bilhão entre outubro e dezembro de 2014.  
Publicada em : 12/04/2016

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