Caso Paulo Bernardo: Consist recebeu R$ 63 milhões do governo federal
A empresa Consist, de tecnologia da informação, voltou a ganhar os noticiários. Em mais um desdobramento da Operação Lava Jato, a PolÃcia Federal apurou o pagamento de propina em contratos da empresa. Na oportunidade, Paulo Bernardo, ex-ministro dos governos petitas, foi preso. A prisão foi revogada pelo Supremo Tribunal Federal.
A empresa recebeu R$ 63 milhões da administração direta do governo federal nos últimos anos. O levantamento do Contas Abertas foi realizado com base no que o Poder Executivo repassou para as empresas do grupo entre 2004 e 2015 e não incluem as empresas estatais.
Conforme o Portal da Transparência do Governo Federal, ao longo desses anos constam pagamentos para a Consist Software Ltda, Consist Consultoria Sistemas e Representações Ltda e Consist Business Ltda. A primeira recebeu R$ 37,1 milhões,a segunda somou R$ 25,9 milhões. Já a terceira, apenas R$ 34,8 mil.
Dentro da série, os primeiros anos são os de maior volume. Em 2004, por exemplo, R$ 23,2 milhões foram pagos para as empresas que tinham contratos com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da Justiça, Ministério da Defesa, Ministério de Minas e Energia e Ministério da Fazenda.
Em 2005, os valores passaram para R$ 12 milhões. Nos dois anos posteriores, foram de R$ 11,4 milhões e R$ 14,9 milhões, respectivamente. A partir de 2008, quando o Grupo recebeu R$ 1,1 milhão, as quedas foram mais significativas. De 2009 para cá, o valores não ultrapassaram R$ 300 milhões.
De acordo com a PolÃcia Federal, as propinas somaram valores na ordem de R$ 100 milhões, entre os anos de 2010 e 2015, a pessoas ligadas a funcionários públicos e agentes públicos do Ministério do Planejamento. Paulo Bernardo teria recebido mais de R$ 7 milhões relativos ao negócio firmado na gestão como ministro do Planejamento. Ele teria continuado a receber proprina no Ministério das Comunicações, em 2011.
Existem suspeitas de que Paulo Bernardo era o operador das campanhas eleitorais da mulher, a senadora Gleisi Hoffman. Além do ex-ministro, foram presos o empresário Dercio Guedes de Souza, o advogado Guilherme Gonçalves e o secretário de Gestão da prefeitura de São Paulo, Valter Correia.
Depois da determinação do ministro Dias Toffoli para que o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo fosse solto, o juiz da 6a Vara Federal Criminal de São Paulo, Paulo Bueno de Azevedo, estendeu a medida do Supremo Tribunal Federal (STF) aos demais investigados e mandou soltar outros sete presos da Operação Custo Brasil.
Delação
DelcÃdio do Amaral disse em delação premiada que o ex-ministro Paulo Bernardo favorecia a empresa Consist desde o governo no Mato Grosso do Sul. DelcÃdio afirmou que Bernardo atuou como operador da mulher, a senadora Gleisi Hoffman
"Que diz isto porque acredita que em 2010 Paulo Bernardo já captava recursos para Gleisi Hoffmann; que não há incompatibilidade entre Paulo Bernardo ser ministro do Planejamento à época e ser operador de Gleisi; que, ao contrário, por ser Paulo Bernardo ministro, ele tinha bastante força para captação de recursos, até porque uma das responsabilidades dele, como ministro do Planejamento, era gestionar o orçamento da União e, como tal, tinha muita força", afirmou DelcÃdio à força tarefa da Lava-Jato.
Ontem (29), o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu pedido do ex-ministro Paulo Bernardo e revogou a prisão dele, mas recusou outra solicitação da defesa do petista para que o caso fosse encaminhado da Justiça Federal de São Paulo para a Suprema Corte.
Publicada em : 30/06/2016